O presente estudo objetivou refletir acerca de práticas discursivas multimidiáticas vivenciadas no contexto escolar do cronotopo pandêmico. Nossa proposta se centra na análise de discursos presentes em poemas-slams e nos gêneros digitais post e vídeo-minuto, que orbitaram a cena das aulas. As produções são pensadas e realizadas junto a uma turma de estudantes dos 8º e 9º anos de uma escola pública de Marília/SP, inseridos no evento “aula remota”. A partir da temática do racismo/antirracismo – eleita pelos sujeitos da pesquisa – propõe-se a elaboração de projetos de dizer nesses gêneros. Intencionamos, com essa discussão, provocar a ampliação da consciência racial, o posicionamento antirracista e o desenvolvimento de competências linguístico-discursivas requeridas na contemporaneidade. Por meio de intercâmbios pedagógicos, os alunos-sujeitos tiveram contato vivo com a língua/linguagem no espaço digital, em uma aprendizagem de cunho dialógico, mediada pelas novas tecnologias. Baseamo-nos na pedagogia dos multiletramentos, na teoria dos letramentos multimidiáticos e nas concepções de linguagem, sujeito, ideologia, enunciado e gêneros discursivos do Círculo de Bakhtin. As incursões analíticas engendram-se pelo jogo da interação e produção de sentidos. Defendemos que a escola e suas práticas não devem ignorar a realidade dos sujeitos que a compõem. Os resultados denotam o alargamento de consciências e saberes concernentes às linguagens da hipermodernidade em convívio multicultural, assim como a desconstrução de preconceitos sobre a poética marginal-periférica e seus atores. Arquitetamos, por fim, um protótipo de ensino, no qual nossas ações foram explicitadas e que servirá de inspiração para outros docentes.