O período entre 2018 e 2020 foi tenso no Brasil, devido aos momentos saturados e polêmicos socialmente, como as eleições presidenciais, as urgências ambientais e a pandemia de Covid-19. Trata-se de um cenário social fundamental no Brasil, por ser um epicentro da vida política, principalmente 2018, pois foi ano eleitoral e de turbulência política. A imprensa, em um jogo de interesse, participou desse contexto, de diferentes maneiras. Ao focalizar esse panorama, o objetivo desta pesquisa é analisar o posicionamento que a imprensa nacional (de forma delimitada, o jornal Folha de S.P em seu formato digital) e a internacional (o jornal Le Monde, também em seu formato digital) fizeram, por meio de seus editoriais, sobre os processos envolvendo Luiz Inácio Lula da Silva. O estudo, de caráter qualitativo e bibliográfico, mobiliza os conceitos de cronotopo, enunciado e ideologia, pensados pelo Círculo de Bakhtin, a fim de compreender os posicionamentos desses canais por meio de seus editoriais. Os resultados revelam que os jornais se diferenciam pela formulação da crítica ao cenário e às figuras políticas brasileiras, especialmente Lula. O jornal brasileiro se concentra no valor democrático, aliado à regularidade e neutralidade da lei. Lula, assim, é condenado, inclusive pelo próprio jornal. Le Monde assume uma linha aberta à contradição e não insiste em condenar Lula, mas em criticar o sistema brasileiro, lido como decadente e corrupto. A justificativa da pesquisa é social, pois discute o jogo ideológico tenso entre política e jornalismo. Pensar a incidência desses editoriais, de maneira dialógica, contribui, de modo interdisciplinar, com os estudos da comunicação, da política e do discurso.