A cantora-compositora Marisa Monte possui um amplo repertório cancioneiro com diversificados gêneros musicais (dos sambas cariocas aos clássicos líricos) e interpretações de artistas consagrados presentes no decorrer de suas discografias. Estas, com crescente trabalho estético relacionado à sua função de produtora, constroem, por meio de sua arquitetônica, um estilo próprio desenvolvido imerso ao forte diálogo com os cantores–compositores Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, principal aspecto proposto a ser analisado no transcorrer desta pesquisa. Sob essa perspectiva, a teoria que fundamenta este estudo encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição: a filosofia dialógica da linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov; em especial suas concepções de autoria, diálogo, gênero (composto principalmente por conteúdo, estilo e forma), sujeito, estética e arquitetônica. Esta análise justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de produção, circulação e recepção da contemporaneidade e tem como norte específico à composição da canção como discurso intergenérico, que transita em diversas esferas de atividades distintas e, em especial, na cotidiana; bem como a constituição interautoral dos Tribalistas como elemento composicional da obra de Monte.